‘Peço que ouçam o nosso apelo por justiça e solidariedade’, diz novo presidente da AVTSM, Gabriel Rovadoschi Barros

Arianne Lima

‘Peço que ouçam o nosso apelo por justiça e solidariedade’, diz novo presidente da AVTSM, Gabriel Rovadoschi Barros
Foto: Pedro Piegas (arquivo/Diário)

O psicólogo Gabriel Rovadoschi Barros, 27 anos, é o novo presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM). O compromisso foi firmado após a chapa “Re-Existir” ser eleita durante assembleia no sábado.

Ao Diário, Barros falou sobre a fase em que a associação se encontra, ações para o futuro e os caminhos que a nova gestão deve percorrer para ouvir como a população foi afetada pela tragédia, que ocorreu em 27 de janeiro de 2013, resultando em 242 mortes e mais de 600 feridos em Santa Maria.

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Nova gestão

Além de Barros como presidente, familiares de vítimas e sobreviventes compõem a nova gestão, que é considerada inédita.

– Acredito que seja marcante para este capítulo que a associação está entrando, especialmente, pós julgamento em dezembro e julgamento dos recursos que ocorrerá nesta quarta-feira, manter o segmento na busca por justiça, assim como foi nas três últimas diretorias. É importante destacar que nesta chapa que foi eleita agora, além de mim, há outros dois sobreviventes e é a primeira vez que há sobreviventes na diretoria da associação. Acredito que, simbolicamente, isso tem um peso importante – afirma.

Na gestão, os sobreviventes Cristiane dos Santos Clavé e Delvani Brondani Rosso assumem os cargos de 1º e 2º secretários. A diretoria da associação também é formada por Marilene Medianeira dos Santos Soares, vice-presidente, Lívia Neusa Santos Oliveira, 1ª tesoureira, e Darci Andreatta, 2º tesoureiro, que são familiares de vítimas.

Barros é o quarto presidente da AVTSM. Desde a criação, em fevereiro de 2013, assumiram este cargo os pais de vítimas Adherbal Ferreira, Sergio da Silva e Flávio Silva. Ele enfatiza que o movimento deve crescer sem mudar o rumo principal escolhido pelas diretorias anteriores.

– Nesse sentido, nada do que foi feito até agora será desvirtuado. Serão complementadas ações, ampliadas para mais pessoas e consolidadas, sempre tendo como base aquilo que já foi feito. É uma luta exaustiva pela justiça. Tenho consciência de que antes estava em um momento de representação de sobreviventes, até por minha atuação em julgamento em representar quem não pode ir. E agora, na função que ocupo represento tanto os sobreviventes quanto os familiares que participam ativamente da associação – conclui Barros.

Trajetória

Barros formou-se em Psicologia pela Universidade Franciscana (UFN) em 2018. Atualmente, é mestre e doutorando em Distúrbios da Comunicação Humana pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A dedicação aos estudos proporcionou à Barros a compreensão que carrega sobre a importância do diálogo e que busca compartilhar com os outros. Há dois anos, ele faz parte da rede Kiss: que não se repita, que é formada por amigos de vítimas e sobreviventes.

– No dia 27 de julho, fez dois anos que eu falei pela primeira vez publicamente como sobrevivente, especialmente a partir das ações da Kiss: que não se repita. Então, a partir daquele momento, eu comecei a participar mais do movimento e das ações. Principalmente, no julgamento de dezembro, em que eu criei um grupo de sobreviventes para que passássemos por aquele momento juntos – relata Barros, referindo-se ao coletivo ExpreCidade, que inclusive, publicou um manifesto em novembro do ano passado.

A busca por um compartilhamento sincero de ideias e impressões trabalhadas dentro e fora do coletivo, é o que leva Barros a enviar uma mensagem a Santa Maria enquanto novo presidente da AVTSM:

– Que acolham o nosso sentimento e que possamos encontrar caminhos de diálogos, porque eu acredito que todo mundo que vivem em Santa Maria em 2013 tem algo a dizer ou impressões e isso pode ser feito a partir do diálogo, principalmente não por ter que falar apenas, mas pela necessidade de ouvir um ao outro. Então, peço que ouçam o nosso apelo por justiça e solidariedade para que também possamos ouvir o que a cidade tem a dizer.

Foto: Marcelo Oliveira (arquivo/Diário). Na tenda, Barros consola Rosmeri Garcez Bicaino, mãe de Cássio Biscaino, uma dos 242 vítimas da tragédia. Ambos retornavam, com outros familiares e sobreviventes, de Porto Alegre após 13 dias acompanhando o júri do Caso Kiss em dezembro de 2021.

Arianne Lima – [email protected]

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